O ano de 2019 foi bastante conturbado economicamente. Crises na América Latina e a demora para a aprovação de reformas refletiram em um PIB de crescimento menor que o previsto. Além disso, a possível criação de uma “Nova CPMF” também levantou alguns sinais de alerta e trouxe desconfiança para a economia. Apesar disso, 2020 é encarado com mais otimismo. A aprovação da reforma da previdência, que diminuiu os gastos obrigatórios do governo, e a redução da taxa de juros, que mais próxima da praticada no cenário internacional, são alguns dos motivos para ter um olhar mais positivo neste janeiro.
A visão positiva para o futuro pode aumentar
Essa visão otimista já se propagava entre o empresariado no final de 2019. No início de dezembro, a Deloitte lançou uma pesquisa sobre as perspectivas dos empresários. A consultoria entrevistou 1.377 presidentes, diretores e membros de conselhos de empresas com receitas estimadas entre até R$ 100 milhões e mais de R$ 1 bilhão.
Os resultados mostram otimismo para o que está por vir, mas pode se intensificar ainda mais se o governo tomar ações que ajudem a acelerar a retomada da economia. Nela, são mostrados dois cenários: um de projeções caso a economia continue como está, e outro se houver melhora além do esperado. A previsão de investir em equipamentos novos é um dos que mais crescem caso o cenário melhore (indo de 46%, independentemente da situação, para 72%). O otimismo dos empresários também é apontado pela FGV: no Boletim Macro de dezembro, eles apontaram o aumento do Índice de Confiança Empresarial, que subiu um ponto chegando aos 95,4.
Geração de empregos
Entre as mudanças mais aguardadas estão os estímulos para a geração de empregos e melhorias logísticas e de infraestrutura do país. Para o primeiro, a desoneração do empregador é uma das mudanças mais esperadas. Mesmo com a reforma trabalhista que aconteceu no final do governo Temer, ainda há alguns pontos a melhorar: 51% dos entrevistados colocam a revisão das leis trabalhistas como algo essencial para o país voltar a crescer.
Redução de impostos
A redução de impostos também faz parte das expectativas para esse ano. Em 2019, os ajustes fiscais ficaram aquém do que queriam os empresários. À Deloitte, 79% deles responderam que estavam insatisfeitos com as mudanças. Deles, 72% esperam mais modificações no regime de impostos, e 30% acham que o que foi feito não colaborou para o aumento da receita das empresas. Além da quantidade de impostos, a dificuldade em pagá-los é outra insatisfação: 49% acham que eles pesam demais nos resultados e 46% reclamaram da complexidade do sistema tributário brasileiro.
O que os economistas apontam para 2020?
No Boletim Macro, lançado em dezembro pelo FGV-Ibre, os especialistas possuem previsões bem otimistas para esse ano. O principal ponto é a projeção de crescimento do PIB em 2,2%, quase o dobro do acumulado nos últimos 12 meses (1,2%). Uma das justificativas que citadas para isso é a taxa de juros baixa apoiada pela Selic a 4,5% e pela inflação em 3,9% ao ano medida no terceiro trimestre, que deve impulsionar o mercado de crédito, permitindo que a economia se aqueça.
A outra base dessa previsão, de menor influência, é o crescimento da exportação de produtos agrícolas e a extração mineral (é importante apontar que a previsão foi feita antes dos Estados Unidos atacarem o Irã). O país é o maior comprador de milho brasileiro e o 5º maior comprador de soja e carne. No passado, tivemos uma relação amistosa com o país persa, mas agora há tendências que o Brasil possa apoiar os Estados Unidos no conflito, deixando de lado a tendência pacifista tradicional da nossa política externa. Ainda é cedo para dizer os impactos que isso terá.
Outro ponto importante citado no boletim para o retorno do crescimento é a reforma tributária. Há duas propostas em tramitação atualmente: a PEC 45/2019, que prevê a unificação de cinco impostos (ICMS, IPI, Confins, PIS e ISS) em um único federal; e a PEC 110/2019, que substitui nove impostos (IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS, ISS) por um único pago aos estados. O governo ainda deve apresentar outra proposta até meados de 2020 para reformar o sistema tributário.
As expectativas para esse ano vão se realizar?
A perspectiva dos empresários é positiva para 2020. Muitos têm vontade de investir na ampliação das suas empresas, ainda que o cenário permaneça como está. Uma das grandes reclamações deles é a reforma tributária, que foi postergada, mas possui grandes possibilidades de ser estabelecida ainda esse ano, simplificando o pagamento de impostos e diminuindo um pouco do impacto deles sobre os resultados.
O ponto mais incógnito é a influência do cenário internacional no Brasil e como uma possível guerra entre Estados Unidos e o Irã podem afetar a nossa economia. O melhor é prosseguir com precaução e planejamento baseado em diferentes cenários.
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