Veja os principais destaques da 53ª edição do WEF (World Economic Forum), que teve como tema central a “Cooperação em um mundo fragmentado”.
Criado em 1971, o Fórum Econômico Mundial acontece todos os anos em Davos, na Suíça, reunindo líderes mundiais, empresários, economistas e especialistas para discutir questões que têm impactado a economia em sua totalidade. O evento abre a discussão sobre acontecimentos atuais, suas perspectivas e tendências futuras, em uma agenda diversificada.
Durante os quatro dias de evento, foram abordados assuntos ligados aos mecanismos que podem ser adotados para enfrentar os desafios do momento e, ao mesmo tempo, colocar esses empecilhos no contexto dos imperativos de transformação do sistema econômico atual.
O fórum expôs diversos aspectos que afetam as relações econômicas e sociais em diversas escalas. Dentre o que foi discutido no evento, 7 assuntos ganharam destaque. Confira:
Um dos painéis do encontro apontou que a tecnologia deve impactar radicalmente mais de 1 bilhão de empregos nos próximos dez anos – isso quer dizer que se as pessoas não forem preparadas para desenvolver novas aptidões que respondem à tecnologia e à inovação, o mundo pode estar diante de um grande problema que vai se refletir em diversos setores.
Segundo os especialistas que participaram da conversa, a resposta para essa questão está nos esforços de capacitação. É preciso preparar os sistemas de educação e as empresas para equiparem estudantes e a força de trabalho com todas as ferramentas e habilidades necessárias para navegar nesse novo cenário.
A colaboração também foi citada como fator essencial para o ambiente de trabalho impactado pela inovação.
Ainda falando sobre inovação, outro painel realizado no segundo dia do fórum falou sobre como o 5G, a internet das coisas e a inteligência artificial podem trazer resultados positivos para a transformação sustentável das empresas e para o crescimento econômico.
Mais uma vez, o treinamento e o desenvolvimento de jovens e da força de trabalho para lidar com essas tecnologias se mostrou essencial, principalmente para que os ganhos potenciais se concretizem. Börje Ekholm, presidente e CEO da Ericsson, fez uma comparação da transformação digital com a migração do trabalho agrícola para outras funções. Segundo ele, em função desses recursos disponíveis, novas posições vão surgir, exigindo diferentes habilidades.
Porém, Börje e outros especialistas que participaram dessa pauta ressaltaram o quão importante é os governos e instituições prepararem e informarem a população sobre os benefícios das mudanças que a inovação traz, antes de implantar novas tecnologias.
Desde 2022, o Fórum Econômico Mundial tem tratado de uma recessão na economia global – que vem de questões como a pandemia da COVID-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia. Somados a isso, o avanço tecnológico e o impacto no mercado de trabalho têm exigido que as instituições financeiras procurem inovar em meio a um ambiente de muita pressão.
Os sistemas de pagamento digitais foram citados como uma alternativa para navegar nessa realidade, principalmente para aumentar a prosperidade entre todos os tipos de personagens da sociedade civil. No entanto, é preciso criar maneiras de regular esses sistemas e criar um ambiente de segurança e confiança entre os usuários.
Dito isso, criptomoedas, blockchain e cybersecurity também entram nessa pauta.
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A pergunta lançada no painel do Panorama da Economia Global foi: estamos no final de uma era? As expectativas dos especialistas convidados para o fórum nesta e na última edição são de uma recessão, com aumento no desemprego e um crescimento lento.
Apesar de a inflação ter começado a recuar em muitos países depois do grande impacto econômico causado pela pandemia, Lawrence Summers, economista e professor da Harvard Kennedy School of Government, afirmou que não é hora de descansar. Segundo ele, essas são boas perspectivas, mas ainda é preciso atenção e muito trabalho para lidar com o futuro da economia mundial.
As mudanças climáticas também foram citadas como um ponto urgente de atenção, com pedidos da diretora do FMI para que a Europa lidere a chamada “transição verde”, com ações concretas para uma realidade sustentável.
O aumento da inflação e do custo de vida foi abordado em diversos painéis, inclusive no que tratou do private equity na economia real. Na conversa, os participantes trataram não só das oportunidades, mas também dos maiores erros desse tipo de investimento.
Suyi Kim, diretora global de private equity da CPP Investments falou sobre a importância de enxergar esse mercado como uma aplicação de longo prazo em questões de grande valor, algo como um investimento em gerações.
Em outras palavras, o private equity é uma alternativa que precisa ser implementada agora, mas que terá resultados em anos por vir.
Segundo alguns especialistas em blockchain reunidos em um dos painéis do WEF, a economia mundial vai se tornar cada vez mais tokenizada.
A exemplo, o governo tailandês já trabalha com a possibilidade de permitir que empreendedores possam “tokenizar” qualquer tipo de valor, segundo Topp Jirayut Srupsrisopa, CEO do Bitkub Capital Group Holdings.
Um cenário como esse impacta diversos setores, como o de habitação, energia elétrica, câmbio de moedas, créditos de carbono, relacionamento entre governos, entre muitos outros.
Apesar de a inflação ao redor do mundo mostrar sinais de estagnação e até de recuo, os números ainda são muito altos e apontam para uma recessão econômica, o que traz à tona a importância de uma coordenação entre políticas fiscais e monetárias.
Para Paolo Gentiloni, comissário europeu da economia, os dois principais desafios para que haja essa coordenação principalmente na Europa envolvem evitar despesas e manter o investimento público em áreas estratégicas.
O novo governo brasileiro também participou das discussões do fórum. No painel “Brazil: A New Roadmap”, Marisol Argueta de Barillas, Fernando Haddad e Marina Silva destacaram suas opiniões e perspectivas para os próximos anos.
O ministro da Fazenda falou sobre a importância da integração entre os países da América Latina para o desenvolvimento do subcontinente, citando a energia limpa, o processo de reindustrialização, além da reforma tributária e do planejamento de novas regras fiscais para o Brasil.
Já Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, reafirmou o compromisso do novo governo em reduzir a perda de florestas e em criar estratégias para preservar a Amazônia, mas destacou a importância de um esforço global no combate às mudanças climáticas e no controle da emissão de CO2 para que o plano seja eficaz.
Avanço tecnológico, questões ambientais, tokenização, especialização para um novo cenário de trabalho e private equity são só algumas das pautas do Fórum Econômico Mundial 2023.
Entre todos os assuntos, o aumento da inflação e incertezas econômicas foram destaques frequentes, com a preocupação com a pobreza crescente, novos vírus, mudanças climáticas e a guerra na Ucrânia.
Em resumo, Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmou que as “perspectivas são menos sombrias do que se previa, mas não há motivos para euforia”. O momento é de equilíbrio e atenção às estratégias que devem aquecer a economia ao redor do mundo.