O dia a dia das empresas é composto por inúmeros desafios e eventos que impactam diretamente nas suas operações, de modo que, alguns podem gerar reflexos maiores do que podemos imaginar. Nesse contexto, um dos elementos de grande relevância são os impostos, principalmente, quando essa abordagem parte da visão da realidade brasileira.
Os impostos permeiam todas as áreas da organização, no entanto, incidem em maior proporção sobre a gestão financeira, afinal, essa área é responsável pelo gerenciamento de um dos principais recursos da empresa — o dinheiro.
Leia neste artigo quais são os principais impactos dos impostos na gestão financeira e como torná-los convenientes para a empresa.
Principais aspectos dos impostos no Brasil
De acordo com a OCDE — Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o Brasil está entre os países com a maior carga tributária do mundo, e isso gera fortes impactos nas operações das empresas locais e seus investimentos.
Em 2017, os impostos corresponderam a 32,4% do PIB — Produto Interno Bruno, um fator que afeta de forma negativa na gestão financeira das empresas e diminui de forma considerável a receita líquida corrente, bem como a dedicação do capital para os investimentos em expansão das atividades comerciais.
Além disso, o país adota uma legislação tributária contraditória, de difícil interpretação que, em muitos casos, gera sobreposição e redundância nos impostos. Essa situação diminui o interesse de investimentos internos e externos que, em consequência, gera impactos nos profissionais da área de gestão financeira, que se veem na situação de administrarem os recursos de forma reduzida, pelos efeitos que os impostos causam sobre a receita total do empreendimento.
Problemas para a gestão financeira na má gestão dos impostos
A má gestão dos impostos causa sérios impactos em toda a organização, principalmente, na gestão financeira das empresas, pois, a área tributária está consolidada em resultados das operações da organização.
Dessa forma, a área fiscal deve estar em plena sintonia com a área financeira, para que assim, sejam evitados alguns dos problemas mais comuns que veremos a seguir.
Descapitalização pela não inclusão dos impostos indiretos
Um dos principais impactos da má gestão dos impostos na área financeira é a não inclusão do que é classificado como impostos indiretos nos preços dos produtos e serviços comercializados pela empresa. Esse é um erro grave, pois, a não inclusão desses tributos faz com que a empresa não complete o ciclo tributário de repasse às cadeias subsequentes. Isso gera um efeito em cascata que resultará em diminuição do capital de giro da organização, que pode evoluir para um cenário de descapitalização.
Oneração pela escolha errada do regime tributário
A escolha errada do regime tributário é outro fator que afeta negativamente a gestão financeira, pois, pode gerar a incidência de impostos além do que é aplicável ao empreendimento, ou seja, a execução incorreta dos impostos vai dar origem em desembolsos financeiros além do que o capital de giro comporta e que é adequado ao porte e área de atuação da empresa.
Oneração por penalidades
Os erros na gestão dos impostos podem desencadear problemas legais para a empresa junto aos órgãos fiscalizadores, que em consequência, estará sujeita à penalidade em forma de multas.
O problema tem início pelo fato da ocorrência inesperada desse tipo de sanção, que em consequência, afeta a gestão financeira em não contar com esse tipo de desembolso no transcurso do seu orçamento para o período. E, dependendo do valor dessa penalidade, a área de gestão financeira terá forte impacto na sua disponibilidade de recursos, e necessitará agir de forma reativa na busca de capital de giro para cobrir tais gastos inesperados.
A importância da gestão tributária
O planejamento e gestão tributária exerce função fundamental para as operações da organização e o bom uso dos seus recursos financeiros. Essa área tem como principais atividades realizar estudos na esfera da legislação tributária, com o objetivo de reduzir os desembolsos financeiros nessa área.
Assim, a gestão tributária busca diminuir os impactos dos impostos sobre a gestão financeira, de modo a proporcionar o direcionamento desses recursos a outras áreas da organização e que possam gerar maior valor agregado.
Logo, a gestão tributária exerce grande importância em toda a organização, pois, proporciona um ambiente avançado de conhecimentos que proporcionam o pleno emprego dos incentivos fiscais e tributários previstos em lei, bem como orienta as operações na trajetória de evitar alguns dos fatos gerados dos impostos, que incluem a exclusão e extinção do crédito tributário.
Planejamento financeiro
Não é possível falar dos impactos dos impostos sem abordarmos os desafios e oportunidades do planejamento financeiro, de modo que, são necessários vários estudos para que a empresa alcance o patamar de superação dos reflexos negativos de uma alta carga tributária.
Por esse motivo, o planejamento financeiro deve contar com o apoio da área fiscal e de todo o know-how de uma tesouraria estratégica, para que seja possível implantar as seguintes estratégias:
• Provisionamento para pagamento de impostos — essa parte do planejamento financeiro é fundamental para garantir a liquidez e saúde financeira do empreendimento, de modo que, a cada período fiscal será criada uma reserva para o pagamento dos impostos, o que garante poder de decisão e antecedência aos fatos;
• Planejamento antes e depois da incidência dos impostos — planejar as finanças somente após a ocorrência do fato gerador dos impostos traz inconsistência nessa atividade. Logo, o planejamento deve ser realizado antes e depois da incidência dos tributos, sendo possível, assim, visualizar o seu real impacto sobre cada operação da empresa;
• Criação de cenários — criar cenários financeiros é essencial para que os gestores estratégicos se antecipem a qualquer tipo de ocorrência, pois, terão soluções estabelecidas antes que os fatos se instaurem. Dessa forma, a criação de um planejamento financeiro para cada situação, baseada em um cenário pessimista, um provável e um otimista, é o mais apropriado para uma ágil tomada de decisão.
Assim, após estabelecer as estratégias da gestão tributária e um planejamento financeiro coerente, será possível diminuir os impactos negativos dos impostos sobre a liquidez da empresa.
Os impostos e o processo de tomada de decisão
Como dissemos no decorrer desse artigo, a carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo, ao ponto de afetar diretamente o processo de tomada de decisão estratégica e a gestão financeira.
Dessa forma, a tomada de decisão — principalmente as que envolvem os fluxos monetários e de capital de giro — deve levar em consideração a análise dos cenários, os impostos envolvidos e as consequências (positivas e negativas) previstas no planejamento, que podem afetar a gestão financeira do empreendimento.
Vale ressaltar que o processo de tomada de decisão engloba a correta precificação dos produtos e serviços comercializados pela empresa, de modo que, inclua na sua base de cálculo os impostos diretos e indiretos, mas, que não perca o valor agregado e percebido pelo cliente de forma positiva.
E como estão os reflexos dos impostos na gestão financeira da sua empresa?
Você consegue prever e analisar todos os cenários possíveis em tempo real?
Compartilhe conosco as suas experiências!
Autor: Rafael Lima
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