No início de cada ano, todos os analistas fazem projeções sobre o PIB. Outra vez, todas as estimativas são de crescimento de mais de 2% do PIB brasileiro. Em vez de “brincar” com os números, vamos comentar algumas das razões que justificam esse otimismo em relação ao PIB brasileiro de 2020.
Com as eleições americanas no próximo ano, é de interesse do presidente Trump, encerrar a guerra comercial entre Estados Unidos e China. O primeiro acordo assinado no início deste ano demonstra isso. Trump quer evitar tudo que possa atrapalhar a economia americana e suas chances de reeleição. Com isso, os investidores ficarão mais calmos e o comércio global aquecerá, o que deve beneficiar não só o comércio do Brasil, como sua busca por capital de investimento.
Depois de 20 pequenos ajustes, 3 anos de debates e cobertura da mídia, em 2019, finalmente (enfrentando fake news e demagogia), a realidade acabou se impondo. A mãe de todas as reformas. A reforma da Previdência foi aprovada.
Só ela não é o suficiente, mas sem ela, nenhuma outra reforma ou conjunto de reformas acontecerá. Com o colapso do Estado Brasileiro afastado, investir no Brasil deixou de ser proibitivo. Talvez não seja a melhor, mas agora é uma opção. Parece existir muito capital no mundo em busca de boas opções de investimento, e o Brasil, a cada dia, parece um lugar melhor para esses capitais.
O incidente de Brumadinho, no início de 2019, causou um grande estrago na indústria extrativista. O Banco Central estima uma perca de 0,2% do PIB. Com a recuperação desta indústria, o PIB do Brasil deve receber um reforço que não existiu em 2019.
Segundo estimativas do BC, a crise da Argentina e, por consequência, a queda das exportações brasileiras para lá (especialmente de produtos industrializados), custaram 0,18% do PIB de 2019.
A crise Argentina não cessará em 2020. Pode até piorar, mas, para o Brasil, as exportações já caíram tanto que dificilmente a crise Argentina prejudicará o PIB Brasileiro, tampouco irá contribuir. A Argentina será fator nulo para o PIB brasileiro em 2020.
2020 será o segundo ano do governo Bolsonaro. No primeiro ano, os ministérios demoraram a se estabelecer. Ocorreram trocas rápidas, os ministros estavam conhecendo seus postos, o governo estava testando sua relação com o Congresso.
Em 2020, isso estará mais solidificado. O Congresso já começa com uma agenda, os ministérios continuam seus trabalhos. As eleições municipais podem atrapalhar, mas, ainda assim, o desempenho da máquina pública deve ser melhor do que em 2019.
Conforme os planos do governo, as privatizações devem ganhar força em 2020. Principalmente os projetos voltados à infraestrutura. Com os juros baixos no exterior, o Capital procurando bons investimentos, a China e a Arábia Saudita já acenaram com valores bem robustos para serem investidos no Brasil.
Em 2020, o desemprego deve consolidar sua mudança de direção do modo demissão para o modo contratação. Mesmo com 12 milhões de desempregados e um ritmo lento de contratações, com essa mudança de direção, o risco de perder o emprego tende a diminuir, e os 95 milhões de empregados estarão mais confiantes para consumir (o consumo das famílias corresponde a 60% do PIB). Dependendo da velocidade e força dessa volta de confiança para consumir, 2020 terá um PIB significativamente superior ao de 2019.
Em 2020, os juros serão os mais baixos da história. Incentivando os investimentos e o consumo, alinhado à inflação baixa e os outros fatores citados acima, parece sensato presumir que 2020 terá um PIB muito melhor que 2019. Agora, é trabalhar para ajudar a realização dessa expectativa.