Pela primeira vez, tesoureiros corporativos terão que assumir um risco maior ao fazer aplicações financeiras se quiserem obter o mesmo nível de retorno a que estiveram acostumados. O juro real próximo a zero é inédito na história recente e impõe uma mudança de paradigma: o fim das aplicações que garantiam, ao mesmo tempo, rentabilidade, liquidez e segurança.
Com a taxa básica de juros (Selic) no patamar mais baixo, a 4,5% a.a., e colada na inflação oficial (IPCA), 4,31%, ativos de renda fixa com vencimento a curto prazo serão cada vez menos atrativos. Reflexo disso foi resultado recorde da bolsa de valores em 2019. O índice que mede o desempenho das ações mais negociadas, o Ibovespa, encerrou o ano com ganho de 31,58%, a 115 mil pontos.
Pensando nisso, a GESPLAN selecionou 25 ativos entre os melhores e piores desempenhos acumulados em 2019, ou em 12 meses, para alimentar a discussão sobre onde investir em 2020.
A seguir, você confere esse ranking:
Fundos Ações Small Caps | 51,98 |
Fundos Ações Investimento no Exterior | 46,67 |
Fundos Ações Setoriais | 44,28 |
Fundos Ações Livre | 40,28 |
Fundos Ações Dividendos | 34,58 |
Fundos Ações Indexados | 32,28 |
Tesouro Prefixado 2025* | 21,51 |
Tesouro IPCA+ 2024* | 16,91 |
Tesouro Prefixado 2023* | 16,1 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2024* | 15,29 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2023* | 14,34 |
Fundos Multimercados Estratégia Específica | 14,06 |
Fundos Multimercados Investimento no Exterior | 13,39 |
Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais 2021* | 13,17 |
Fundos Multimercados Balanceados | 12,57 |
Fundos Multimercados Livre | 12,22 |
Fundos Multimercados Macro | 11,57 |
Fundos Multimercados Capital Protegido | 10,71 |
Tesouro Prefixado 2021* | 9,41 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2020* | 7,6 |
* Rentabilidade acumulada em 12 meses tendo o dia 31/01/2020 como referência.
Fontes: Anbima e Tesouro Direto
Selic ao final de 2019 | 4,5% a.a. |
IPCA em 2019 | 4,31% |
Variação do Dólar em 2019 | 3,50% |
Desempenho Ibovespa em 2019 | 31,58% |
Fontes: BCB, IBGE, B3
Ainda que os títulos públicos apareçam bem posicionados no ranking de 2019, é importante lembrar que eles acumulam parte da rentabilidade referente a um período em que o juro esteve mais alto. No entanto, rentabilidade passada não significa garantia de retorno no futuro.
Por isso, considerando a expectativa de queda para a Selic em 2020, para 4% a.a., e de estabilidade para a inflação, em torno de 3,5%, a rentabilidade dos títulos públicos tende a cair no curto prazo.
Portanto, para manter a rentabilidade em aplicações de renda fixa, será preciso adotar novas estratégias: encarar um risco maior de crédito ou optar por ativos de menor liquidez.
Nesse caso, as opções são recorrer a títulos privados, como as debêntures, CRI’s, CRA’s, entre outros, ou a títulos públicos com vencimento mais longo.
Ou seja, é no mercado de ações onde, a princípio, estarão as melhores chances de ganho em 2020.
Em 2019, por exemplo, apenas três dos 12 tipos de fundo de investimento em ações tiveram desempenho acumulado pior do que o Ibovespa, segundo dados da Anbima. Os Fundos de Ações FMP-FGTS, com 15,56%, os Fundos Fechados de Ações, que tiveram rendimento negativo de 0,12%, e o Fundo Mono Ação, com 14,32%.
Em 2019, o crescimento da BM&FBovespa foi impulsionado por juros baixos também no exterior e um clima positivo nos mercados mundiais. E a expectativa continua positiva para 2020. A maior gestora de recursos do mundo, a BlackRock, com US$ 6,3 trilhões sob gestão, divulgou, em janeiro, um relatório em que reforça esse otimismo com ênfase para os mercados emergentes.
A estabilização do crescimento global, o aumento da atividade industrial e a manutenção dos juros em níveis baixos nos países emergentes devem estimular a economia e os mercados de ações. O último relatório do FMI sobre o panorama da economia global está alinhado a essa expectativa.
A estimativa para o PIB dos países emergentes, em 2020, é de 4,4%, e de 3,3% para o PIB Mundial. Enquanto isso, o Brasil deve crescer 2,2%, e a América Latina, 1,6%.
No ano passado, as bolsas também fecharam em alta nos Estados Unidos e na Europa. O índice Dow Jones subiu 22% e o Nasdaq, 35%, enquanto as bolsas de Frankfurt, Paris e Milão, registraram alta de 26%, 27% e 27%, respectivamente.
Em outras palavras, considerando o atual patamar de taxa de juros no Brasil e o bom desempenho do mercado de ações no mundo, passa a ser mais viável e, talvez, interessante investir em outros mercados através de fundos internacionais e fundos multimercados que investem no exterior.
Diante desse novo cenário, uma coisa é certa: para manter o equilíbrio entre rentabilidade e segurança, será preciso analisar melhor as oportunidades de investimento e diversificar a carteira de aplicações.